quinta-feira, 28 de abril de 2011

Apaixonado


Foto: Pierre Verger



Talvez quiséssemos sentir,
Livremente, inconscientemente, loucos,
Desesperados e simplesmente, sentir.
O que nem de perto faz sentido,
O que nem coberto da abrigo,
Mas quando distante da saudade,
Inquietação, ansiedade.
Nunca vamos saber,
Tentaremos até prever,
O que terá o medo do ter,
Mas que precisaremos
Da liberdade do querer.
Não procuro a formalidade,
Coerência, moralidade.
Sou insensato, inconstante, equivocado,
Quem sabe até distante,
Mas sou, e amo ser
Apaixonado.

domingo, 24 de abril de 2011

Xote do Aconchego



Foto: Pierre Verger






















Preciso te ver
Preciso te encontrar
Nos teus braços adormecer
Ah, meu bem com o teu cantar

Na tua calma quero deitar
Voltar a ser criança
No desejo repousar
Reascender a esperança

Quero ter seu aconchego
Afogar-me em teu ser
Ter pra mim aquele beijo
Que será tão doce feito você

Não maltrate a minha vontade
Nas angustias do meu querer
Não digas pra mim que é tarde
Nas verdades do teu saber

Diz pra mim
Que já quer amar de novo
E seu desejo sou eu quem movo
Sua vontade já  me pertence

Diz pra mim
Que já tinhas que ser minha
E aos olhares que detinha
Eu em ti, serei sua alegria

 

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Vontade



Foto: Sebastião Salgado
















Meu coração bate
No compasso da zabumba
Ritmado de desejo,
Ansiando por teu beijo.

Aproveitando o ensejo da dança
Abrilhantando de esperança
O que antes era dor
Rejuvenesce, enfim, como flor.

Cansado de penar, e de querer
Resolvi acreditar, me refazer
Que dentro do tempo
Um instante tão imenso
Perceberá o meu contento, em te ter

Mas louco sou, por você
Vivo a te esperar, e a te querer
Sentindo o aperto que dá no peito
Sem a calmaria, inerente do sujeito

Já fiz em prosa, ja fiz verso
E não permite, não te interesso
Fazendo-me egresso,
Mas presente sou, ao que for inverso.


domingo, 17 de abril de 2011

Verba volant



Foto: Mário Cravo Neto


Beleza negra e singela,
No segundo que revelas
Inciso de ansiedade e quimeras.
Mais do que linda, és menina.
Displicente me ensina,
Do passeio das pontas dos pés,
Ao meu encontro
Com o que for de seu viés.
E dos pensamentos meus
Não se engana,
Revive lembranças,
Exaurida de cansaço.
O que questiono, é como faço
Para repousar em teu colo,
Fenecer em teu abraço?



Ater-me-ei a escrita, mesmo sabendo que ....  "verba volant, scripta manet”

domingo, 10 de abril de 2011

Sedento





Foto: Henri Cartier Bresson



Não findei a minha vontade
Mas vejo tarde, o momento que vive.
Pelo outro, não me exponho, não me movo
Mas por teu cuidado, não sairei ileso
Percebo o viés do seu apreço
Mas vejo quando deito, quando adormeço
Que o outro ainda está em ti
E que tu é que não o deixas partir.


Entregastes o que em teu peito valia
Não resgatarás da noite a nenhum dia.
Entre meus estreitos de euforia
Certame que entreguei-lhe em nostalgia
Permanecerei desejos, constante
Oras mendigo, outras moleque, agora amante.
Mas resistes ao que me interesso
Fazendo presente o deverás egresso.


Do que quero ao momento que mereço,
Já não faço e nem mais aconteço.
Em mim, o que é teu, restaste o medo.
Da vontade, revelado o segredo.
Habitante no âmbito inseguro
Serei distante, manter-me-ei mudo.
De mim só será sentido
Aquilo que reciproco não puder mensurar.



segunda-feira, 4 de abril de 2011

Embriaguez

 

Foto: Henri Cartier Bresson

Quero beber da cachaça do teu beijo
E embriagar-me do desejo em seu corpo
Quase morto, faço abrigo
No alicerce que é a fuga de ti.
E por tudo que outrora vivi
Resumiria no teu abraço, o que é conforto.
Mas de confronto hei de lutar,
Para ser, ou não ser
Do que, e apenas penar.