segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Brando...


Vago aos prantos nos campos do silêncio.

Ando entre rosas tristes repletas de solidão.

Vejo um botão se abrir para que eu possa sentir a harmonia triste da natureza.

Sou guiado pelo cheiro dos orvalhos, envolvendo uma flor vermelha e singela.

Deparo-me com os portões do grande jardim que é refletido nos meus sonhos.

Encanto-me ao enxergar o lago que inundei com minhas lágrimas.

Sigo, sou apenas o um ser, sem rumo, ao encontro da realização, da certeza do que quero, contrastando com a insegurança do meu caminho.

Eis que surge o grande causador da minha amargura.

Deparo-me com meu semblante refletido num espelho que me revela a doce contradição da imagem.

Agora só o que me falta encontrar a dona daquela voz que me fez refletir sobre o nada que habita em mim.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Descompassado...






Foto: Henri Cartier Bresson




A felicidade do momento, quase sempre, se tornará a indagação do amanhã.

É mais do que preciso rever conceitos, palavras ditas, insinuações pré-escritas, desejos guardados e vontades mal vistas.

Não posso deixar que as perguntas que foram feitas transformem-se em respostas destorcidas ou não ditas.

Nego-me a entender quando as sentenças já se transformam em punições, quando a vida se torna a prisão que inevitavelmente construí com meus próprios erros.

Tenho me perguntado se cada dia tem se tornado um passo para trás, não consigo acreditar e/ou não tenho escolha em pensar que será diferente, que serei o que sempre fui.

Tenho andado sem me preocupar, crendo para ver o quanto eu posso adivinhar, se tudo se foi ou um dia será.

Preciso fazer-me enxergar no que ela um dia poderá ser, não me abater pelos acontecimentos transcorridos, não me permitindo transformar meus pensamentos numa utopia sem fim.


Tudo mudou, mas faz parte desse jogo, as coisas mudam, pessoas pensam e sentem de maneiras diferentes.

O caminho mais feliz também é a estrada que requer mais cuidados, mais aproximação, requer a liberdade do querer.

Meu encanto




Ela encantou-me com um sorriso
Fez-me enxergar o deslumbre da sua beleza
Como a criatura soberana entre os homens
Dispersou a minha tristeza
Tua luz é como o sol
Que busca entre as árvores irradiar o meu coração
Desespero e agonia, tua voz acalma-me
Com um canto em solidão



Eu, Você, Nós....






Eu, cansado de sofrer,
Então resolvi fechar meu coração
Para as coisas tuas que mexem comigo.
Palavras tuas que soam aos ouvidos,
Desculpas soltas que sugerem um pedido,
Daquilo que me faz um menino
Implorando pelo seu abrigo.


Eu, uma pessoa carente
A espera do que já teve,
Fazendo-me mendigo
Com feições de inocente,
Sabe que é culpado, mas que não entende
Como o fruto pode ser colhido
Se não se plantou a semente.


Você que vive a espera de uma pessoa amada,
Que saiba conviver na sua estrada,
Que entenda que tudo não é nada,
Daquilo que se tem,
Mas a deixou acuada.
Por que complicar o que já é certo,
Fazendo-me querer estar sempre mais perto
E distante daquilo que sempre sonhei.


Você, já não se importa mais
Com aquilo que te disse,
Que já não fala mais
E acha que me disse,
Procurando as palavras para os momentos vividos,
Demonstrando imperfeições depois do muito sofrido.


Nós que somos tão banais,
Que queremos sempre mais
E que preferimos viver o novo
Deixando tudo para trás.
Que nos intimidamos por uma palavra dura,
Que na maioria das vezes torna-se a cura
Para que possamos achar o que já não se procura.


Nós, que achamos um sentimento já perdido
E que agora já não serve mais de abrigo,
Para encontrarmos algo
Que pode estar esquecido,
Dentro dos corações
Que não guardou o amor vivido.