segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Fim ao acaso



Uma página em branco
e as mãos que anseiam a escrita
a história que teima em existir
de um fim que não devia começar


Ela que revela-se complexa
Ele que prefere simplificá-la
entre o espinho e a rosa
Ele prefere, ela
e ela prefere a prosa


Ele, aos versos
constrói a fala
E da fala inala a dor
dos dizeres, e sentires
permanece medo
dos segredos que habita
o novo amor


Ela, desnuda da coragem
percorre as vestes que cobre o teu corpo
Ele, semeia tempo
dentro de um abraço
de uma valsa ao acaso
quiçá ela lembrou


Ele, já quis ser distante
transporta-se ao mundo
que não era ela
Mas seria bobagem
fazer sentido a súbita vontade
que a vaidade o contaminou


Ela, moça arredia
já pronuncia o fim
do que ainda nem começou
Ele, já começa na certeza
de que o amor tem a beleza
que ela já complicou


quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Entre sentidos



 
Entre o mar
e tanta coisa
Entre deuses
semi-deuses
e tantas coisas

Entre coisas
e tanta gente
entre e sente
sentindo e sem sentir
e tanto medo

Entre
será bem vinda
segregará a mágoa
esquecerá a forma
sentirás menina

Entre
e de dentro verás
cerrado os olhos
permitindo a alma
sentiremos a paz

Entre nós
há tanta gente
há tanto medo
há o que sente
e o sem sentir



quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Transeunte



Quantas vielas têm o amor?
Qual delas é o caminho para felicidade?
Em que sentido caminho para encontrar você?
De que lado fica a rua da tua vontade?

Estou perdido!
Vago ao que sou
E me perco em você

Andando em becos escuros
Repletos de desencontros
Transeunte de desejos
Tua dúvida é o meu pranto

Passos largos
De caminhos sem volta
Entre o abismo da sua saída
E o sentimento que me fecha as portas

Avenida de inconstâncias
Faz-me um ponto na imensidão
E quanto mais chegamos perto
É quando mais tu me confundes

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Maré de dois barcos



Ao encontro do mar
Velejei em tua riqueza
E em tua pele negra
Desvendei a tua tristeza

Ao repouso, do vento morno
De uma tarde de domingo
Percebi que o que veio chorando
Fez retorno sorrindo

Da calmaria de um crepúsculo
E do teu colo largo
Fomos amantes do tempo
Pseudo apaixonados

Nossos atos e anseios
Foi tomado por quimeras
Intocado pelos excessos
Na medida em que deveras

Hoje já percebo mais
Na maré de dois barcos
Que o encontro com teu porto
No teu cais
Nunca estive ancorado

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Dela




Era ela Bela
Bela, de uma beleza infinita
Da poesia, nata
E de fato linda

Bela tinha seus encantos
Transformava em canto
Tudo aquilo que lia
E sorria largo, e se envergonhava
Quando a prosa não a permitia

Ela era minha
Doava-se aos bocados
Sentia-me sempre amado
Mesmo pelo pouco
Que retribuía

Saudade não era dela
Isso Bela não permitia
Sondava as mágoas
Que meu coração pulsava
Transbordava em si
A minha pura alegria

Mas de Bela, havia cansaço
Era maltrato o que eu não tinha
Encontros tortos com uma fera
Fez-me ver minha Bela
Tornar-se sozinha

Agora, Bela já é saudade
De uma vontade, da companhia
O que era meu, não era dela
Mas o que era Bela
Não será mais minha



terça-feira, 16 de agosto de 2011

Quero...




Eu quero
A liberdade descontrolada
O sentimento desmedido
Ser moleque, ser menino
Ser sensato e mais tranqüilo

Eu quero ser o seu grito
No silêncio da minha chegada
Ser o sorriso
No final de cada espera
Ser teu conforto
Na placidez do meu abraço
Ser a alegria que a energia
Do teu beijo me libera

Eu quero mais
Do que somos agora
A segurança
No caminho da tua volta
A certeza
Que emana a minha vontade
O teu sim
Que completa a minha verdade

Eu, certo ou errado, quero
De um querer infinito
Da paixão, do cansaço
Saber o que faço
Para tornar-me seu abrigo.


Oyá guerreira




Flor de encantos e malês
É sublime como os ifás
Tal beleza das yabás
Faz aflorar os êres

Ainda mais bela com os filás
Presos aos seus adês
Ah, quem me dera aos orixás
Presentear-me de tal lucidez

Desnuda da rispidez
Dança solta, em fúria rasa
Reluz o céu em raios e brasa
É tempestade aos seus quereres

Aos barros de vermelhidão
És Oyá guerreira
Menina, mulher de paixão
És bela, de forma inteira

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Entrega



Dar-te-ei o tom
E em todo som
E de toda valsa
Que o coração pulsar

Dar-te-ei o vintém de mar
Na mais doce amplidão
Devastaste a escuridão
Aos olhos que imensidão
Poderá lacrimejar

Pois a espera do que foi sentido
Sabido da tua destreza
Ainda faz sentindo
Sem a ilusória beleza
Que a certeza não irá salutar

Mas se ainda permitires, gostaria
De fazer-te entender em plenitude
Totalizar-te em tua entrega
O que minhas palavras não disserem
No teu olhar, meu olhar revela

sábado, 6 de agosto de 2011

Compasso




Permita-me ao teu bailar
A conduzir-te em valsa doce
Ajeito o meu,
Como se seu jeito fosse
Compartilhando o teu caminhar.
Permita-se em meu pensamento morar

Oh, senhora cante,
Quero ouvir ao longe
Que o teu canto plante
O que minha palavra trouxe
Fizeste torpe o meu presente,
Senhora cante, ouvir-te-ei contente

Encantar-me do pensamento
Morar onde for contento
Referindo-se ao que já sente
Façamos a inércia, o movimento
Expurgaríamos o ato, já concreto
O que de fato é fraco, da ao novo um paralelo.


terça-feira, 19 de julho de 2011

Por minha vontade

.


Tenho vontade de fazer apaixonar-se
Tenho vontade em mim
Espera que o tempo permite
Que não sejamos nós
Algozes como arlequim.

Do outro,
Tenderemos ao nosso viés
Seremos sensatos,
Caminharemos rasos
Com os nossos próprios pés

Ao ato, prefiro ser criança
Sem a ilusória esperança de prisão
Passos vagam, se perdem
Dos meus, só terá certeza
Da necessária prontidão

Então, de presente, meu questionar
De novo, vontade em mim
Nada além, e de fato
Do que tornastes torpe de desejo
Aguardando o ensejo, enfim


.